"Eles cometem o crime e nós é que somos as criminosas". Foi com estas
palavras que a mãe de uma das adolescentes que acusam componentes da
banda New Hit de estupro falou, por telefone, sobre o drama vivenciado
pela família desde a madrugada de domingo. Ela e os três filhos estão
sem sair de casa - em um bairro simples de Itaberaba (a 267 km de
Salvador) - por medo. Separada do pai das crianças, ela diz que
constantemente recebe telefonemas ameaçadores. "Uma mulher falou que
viria de Salvador matar as meninas, que eram responsáveis pela prisão
dos bebês dela. Não estou trabalhando, e meus filhos não vão para a
escola", contou ao A TARDE.
Comerciária, a mulher disse que a casa vive rodeada de pessoas que
falam coisas terríveis e lembra que, quando soube do que aconteceu com a
filha, entrou em desespero. "É uma sensação de impotência, porque não
pude proteger a minha filha. Me sinto péssima", desabafou chorando.
Segundo a mãe, a garota, que acusa o vocalista Dudu, teria dito que, ao
revelar que era virgem, ele deu risada. E, após cometer o abuso e ver
como a jovem ficou, não permitiu que ninguém se aproximasse dela. "Ela
diz que, quando ele viu que ela era mesmo virgem, mandou que elas fossem
retiradas do ônibus. Ele tinha consciência do que estavam fazendo",
disse.
A comerciária negou que a filha tivesse viajado sem autorização e
afirmou que estava em Ruy Barbosa mas não a acompanhou atrás do trio
porque é cardíaca. Amiga da filha, ela garante que a garota jamais
entraria no ônibus para fazer sexo. "A levei à médica, segunda-feira, e
foi confirmado que ela era virgem e sofreu violência. A coisa foi tão
brutal que ainda existiam hematomas nas partes íntimas dela", declarou.
Transferência - Durante esta quarta-feira, 29, o
clima foi de expectativa na delegacia de Ruy Barbosa (a 379 km de
Salvador), onde familiares, produtores, advogados e fãs da New Hit
aguardavam decisão do Judiciário sobre o destino dos nove músicos presos
sob suspeita de estupro das duas adolescentes de 16 anos. Mas, até o
início da noite, ainda não estava decidido se eles seriam transferidos
para o Presídio Regional de Feira de Santana (a 108 km de Salvador) ou
teriam acatado o pedido de liberdade provisória - impetrado pelo
advogado do grupo, Cleber Andrade.
Segundo o delegado Marcelo Cavalcante, os documentos do flagrante foram
encaminhados ao Judiciário e Ministério Público. "Eles podem decidir
pelo relaxamento da prisão em flagrante, liberdade provisória mediante
pagamento de fiança ou pela prisão preventiva", frisou.
"Acredito que conseguiremos liberá-los uma vez que atendem a todos os
requisitos exigidos por lei, como residência fixa e réus primários",
destacou o advogado.
Apoio - Solidárias, fãs enviaram cartazes e cartas aos
músicos pelos familiares e gritavam na porta da delegacia pela suposta
inocência deles. "Não acredito que fizeram isto. Querem queimar a imagem
deles", declarou Isabela Melo, 18. Outras quatro pessoas estiveram no
local para depor a favor do grupo. "Fomos as primeiras a entrar no
camarim e eles não fizeram nada com a gente", relatou G.S., 18 anos.
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