domingo, 2 de setembro de 2012

Hospital em custodia

Ninguém sabe o que se passou na cabeça de Almerindo. Pegou a primeira pedra que encontrou e atingiu aquele rapaz em cheio, sem nenhum motivo aparente. A vítima, que passava de bicicleta, caiu sangrando. Devido ao ato insano, ocorrido em 1981, Almerindo foi preso por lesão corporal leve.
O fato é real e está na curta ficha criminal de Almerindo Nogueira de Jesus. Além desse delito, ele cometeu apenas outra lesão corporal na vida inteira. A sua prisão teria sido algo aceitável não estivesse detido até hoje, 31 anos depois do crime. Pior. Está jogado num lugar sem qualquer condição de abrigar um ser humano.
Invisível aos olhos do mundo, Almerindo é apenas um entre os 122 internos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCT) da Bahia. A unidade prisional, localizada na Baixa do Fiscal, em Salvador, foi alvo de uma vistoria recente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que resultou em um relatório ao qual o CORREIO teve acesso.
Na vistoria, realizada em julho, a equipe do CNJ constatou graves problemas estruturais, déficit de médicos e técnicos e a permanência no local de presos que tiveram suas medidas de segurança cumpridas há tempos. Além de contar com fotos que expõem a precariedade física do HCT, o relatório chega a listar o quadro penal de alguns internos.

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